Muitas dessas tendências já faziam parte do roteiro pré-COVID, mas a pandemia as colocou em marcha alta.
1. Volta para casa
Os fabricantes de maior valor agregado já estavam começando a voltar da China. A vantagem do custo de mão-de-obra chinesa está diminuindo, e muitos agora reconhecem que longas cadeias de fornecimento amarram muito os estoques (e o dinheiro) em barcos, o que cria uma vulnerabilidade tanto quanto a problemas de qualidade como a ciclos de vida mais rápidos do produto. A ameaça de roubo de propriedade intelectual é outro fator de motivação significativo.
Outro fator foi a diminuição do conteúdo de mão-de-obra dos produtos de maior valor agregado, acelerada pelo aumento da automação. A pandemia aumentou o exame minucioso dos Planos de Recursos para Desastres, incluindo a obtenção de múltiplas opções de fornecimento.
A reformulação para voltar para casa é vista agora como uma opção de prevenção de riscos para o futuro.
Análise
Clientes comerciais que recebem suprimentos de uma única fábrica nos Estados Unidos podem insistir para que uma segunda fábrica seja preparada como alternativa.
2. Robótica e Cobótica
Grande parte do aumento na produtividade de manufatura nos últimos 30 anos se deve à automação. Os robôs e os cobots simplesmente continuam essa tendência. À medida que a capacidade robótica aumenta (e os custos diminuem), eles são cada vez mais encontrados nas fábricas de empresas menores. Eles ajudam a mitigar as dificuldades em atrair mão-de-obra qualificada.
Análise
Com a necessidade de distanciar socialmente os trabalhadores, os robôs e os cobots podem assumir tarefas mais simples, e permitir que os trabalhadores humanos se espalhem. Os robôs também são fáceis de limpar, portanto, espera-se ver mais deles em breve nas fábricas de processamento de alimentos.
3. Impressão 3D
Há dez anos, a impressão 3D era pensada estritamente como uma ferramenta de prototipagem. Desde então, a indústria tem passado por enormes aumentos na produtividade, nos tipos de material disponíveis, nas tolerâncias e na resistência das peças, bem como na capacidade de integrar impressões 2D e até circuitos elétricos.
As fábricas escuras1 estão agora produzindo peças, sem supervisão, durante toda a noite, e as unidades militares levam impressoras a campo para produzir peças de reposição em cima da hora. As impressoras 3D podem imprimir metais sinterizados, todo tipo de plástico, titânio, vidro e compósitos, os últimos por meio da alimentação de carbono ou vidro em uma porta e resina na outra. A Airbus e a Boeing estão ambas imprimindo peças para aviões.
Análise
A pandemia não afetou tanto a impressão 3D como outras, e a impressão 3D ainda não é um substituto para peças que precisam suportar grandes tensões. No entanto, ela já chegou mais longe do que muitos previam, e seu uso só vai aumentar. As vantagens da manufatura aditiva são muito grandes para serem ignoradas.
1 Fábricas escuras é o nome dado às fábricas que não possuem trabalhadores humanos. O nome advém do fato de que robôs não precisam de um ambiente iluminado para operar.
4. Internet das Coisas
A Internet das Coisas (IoT) é apenas uma extensão da economia de dados levada ao nível de “coisas” – máquinas em uma fábrica, produtos que são vendidos – a fim de reunir dados acionáveis. A Internet das Coisas é cada vez mais barata e fácil; estão disponíveis “pilhas” prontas, com produtos interoperáveis como inteligência artificial e gêmeos digitais.
A coleta de dados das máquinas das fábricas permite uma melhor utilização, dados de melhor qualidade, manutenção preditiva e controle de processos, que podem ser facilmente compartilhados com os clientes para comprovar os processos.
Nos produtos, a IoT permite a manutenção preditiva (por exemplo, quando sua máquina de lavar precisa de um rolamento), e, cada vez mais, a venda de produtos-como-um-serviço (PaaS). Isso se refere a um fluxo contínuo de receita gerada pelos dados juntamente com analytics, serviços e peças, o que transforma a venda de um produto em uma anuidade.
Análise
A pandemia irá impulsionar a IoT porque permite aos engenheiros da fábrica monitorar remotamente os processos. Um engenheiro pode, em alguns casos, trabalhar de casa, ou ao menos a partir de um centro de controle remoto.
5. Educação dos funcionários
O tópico comum a todas essas tendências, e que é mais afetado pela pandemia, é a educação dos funcionários. Com o tempo, para muitos funcionários, o ensino superior consistirá em cursos à distância, talvez complementados por trabalho em laboratórios ou oficinas mecânicas, levando à obtenção de um certificado.
Depois disso, os empregadores dirigirão e subsidiarão a educação adicional, tanto individualmente como para a massa geral de empregados. A educação em estatística, ou a interpretação de dados, também será difundida.
Análise
A educação dirigida pelo empregador será parte da exigência de aumentos. A ideia é educar os funcionários exatamente no que eles precisam ser educados no momento, não apenas para um melhor desempenho, mas também para a capacidade de delegar responsabilidades que exijam habilidades analíticas e de engenharia.
Fonte: https://www.ien.com/automation/article/21141246/5-manufacturing-trends-the-pandemic-has-accelerated